quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Carmem: sangue de Deus

As mãos da tristeza tapavam seus ouvidos e suas vistas fitavam o rosto desesperado da filha, envergonhado e nervoso, manchando-se e pingando lágrimas sobre o prato vazio e ressequido do almoço. Não queria mais ouvir. “Já chega disso!”. Acabara o mistério de três anos.
Carmem supôs que a mãe ficaria abalada com a novidade, já que a Igreja nunca aceitará tal pecado. Sentindo-se mais aliviada, lembrou-se que ainda tinha atividades a entregar no dia seguinte e que também encontraria com Gil para rirem um pouco da situação monstruosa que ambas descreveram para esse momento.
Vendo a face de normalidade da filha, achando que ela tinha o direito de fazer tal escolha, Lúcia descontrolou-se. Não era justo. A vergonha, o medo, a raiva, a ira de uma mãe solteira. O desespero, a faca, a lágrima, o momento diabólico, pratos, mãos de sangue, dor, escuridão.
20:23h. Firmes mãos policiais conduziam-na ao camburão da viatura 3445 da PM. O estrondo do porta-malas fechando-se fez Ana Lúcia lagrimar. Os gritos ainda soavam fortes em sua mente. Partiram. Prédios. Casas. Pessoas virando as cabeças e forçando a visão para o/a do bagageiro militar. Pela sua vista, o dia-dia noturno da Doca de Souza Franco. Por seus ouvidos, o som estridente da sirene policial. “Por quê? Ela não me deixou saída, meu Deus... minha única filha. Carmenzinha...”

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Carmem

O ser humano é tão complexo. Cheios de defeitos/qualidades que os fazem confiáveis/suspeitos. O que está por trás dos comportamentos e atitudes de cada um? Existe uma lógica comportamental? Acompanhe a história de Carmem para descobrir.
...
"O que está acontecendo com a minha filha?", pensou Ana Lúcia já na cama. Carmem, ao ver quem estava ligando para o seu celular, horas antes, trancou-se no quarto. É "ela" de novo, só pode. "Hum, Deus me livre, é só uma amiga mesmo... deve ser coisa lá da UFPa, é isso..."
O fato era que, sempre esse horário da noite, a bendita menina ligava para ela e a fazia correr para o quarto atender. Será que algo estava 'errado'?
Na manha seguinte, pontualmente às sete horas da manhã, Ana Lúcia já estava sentada nos bancos da Igreja de Lourdes, esperando o terço que antecede a missa de domingo.
Ao descer do Icoaraci - Alm. Barroso, na Doca, o seu celular toca. Era a filha perguntando se a mãe já estava chegando.
"Sim, filha, estou quase na porta já."
"Ah, tá, ok, até mais...", disse ela apressada em desligar o telefone.
Ao virar a maçaneta, vê "ela" com a filha estudando na mesa da sala. Carmem não avisara nada? Por quê?
"Oi, tia, beleza?", "Ela" perguntou. Suas roupas estranhamente masculinas.
"Oi, como vai? Você e a ...?", indagou sendo mais educada possível.
Carmem apressou-se, visivelmente envergonhada:
"É a Gil, mãe, minha amiga lá da sala. A gente tem um trabalho pra entregar na terça e resolvemos nos reunir hoje."
Ana ficou com aquilo na cabeça. Quem era aquela menina e por que usava aquelas roupas e por que falava daquele jeito? Eram quase meio-dia e ela chegou que horas? Será que vai almoçar? Por que Carmem não disse que "ela" vinha aqui?
Lúcia notou que, desde a filha conheceu essa menina, seu comportamento mudou. Andava mais desleixada, despreocupada com sua aparência, no "mundo da lua..."
Depois do almoço, uma lágrima desce pelo rosto de Carmem. É hora de abrir o jogo. (Continua)

domingo, 27 de setembro de 2009

R7 x G1 - Sites irmãos?

Está no ar. O novo portal de notícias da rede Record de televisão já está no mundo virtual e de nome incomum: R7, Record, sete dias por semana. Parece-me que a emissora dos bispos poderosíssimos está mesmo querendo marcar a sua posição de "a concorente da Rede Globo". Ora, esta última também possui o site G1. Coincidência, não, esse padrão letra-número?
"A rede Record dá um passo enorme para a quebra do monopólio da informação...", como disse Ana Paula Padrão no discurso de inauguração do site.
R7 e G1, prestando atenção, possuem praticamente tudo igual. Observem só os 4 grandes assuntos por elas abordados: Notícias, Esportes, Entretenimento e Vídeos. Pondo os dois sites lado a lado, pode-se observar claramente essa outra coincidência. Tomando como argumento a concorrência acirrada entre as duas emissoras, a Rede Record está, supostamente, tentando imitar o estilo do site de notícias da Rede Globo.
Por que será que os êxitos comercias da Rede Globo servem de molde para os da Rede Record? O que dizer do canal 23 UHF Record News? A desculpa subjetiva de democratização da notícia também entrou. A Globo News, como se sabe, é um canal pago.
Mais uma coincidência é a grade de programação da Rede Record. Até que ponto essa ânsia pela liderança ibopal democratiza, de fato, a informação? Será que a base dos moldes da líder Globo, de fato, corroboram para a formação crítica da população? Exemplos? "Fantástico" x "Domingo Espetacular", "Big Brother" x "A Fazenda", "JN" x "JR", e por aí vai.
Enfim, vamos esperar para ver a repercussão do mais novo site democrático e inovador de nome R7.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Imprensa mata Michael Jackson

25 de Junho de 2009. Michael Jackson sofre uma parada cardíaca em sua casa em Los Angeles. Às 14:26h declarado morto.

Uma tragédia mundial para a música. O trem parou sem mais nem menos. O mundo, estranhando, virou-se para LA procurando explicações. Não tem mais volta: a imprensa conseguira matar Michael Jackson. Dor, revolta, tristeza, raiva, incredulidade. Sobraram aos fãs sentimentos variados.
Aos que sempre odiaram aquele "pedófilo sujo", o injusto comentário de "é mais um golpe daquele come-criança para se livrar da lama, que é o seu lugar!"
Mas infelizmente esses últimos tiveram que "aturar" a cobertura repentina da mídia sobre o caso. Ora, não foi um historiador intelectualóide que morreu. Foi Michael Jackson. E, duvido muito, ninguém ficou feliz com sua morte.
A mídia brasileira foi pega de surpresa dia 25, quinta feira. No dia seguinte, a REDE Globo conseguiu fazer, às pressas, um "Globo Repórter" para o Michael Jackson. A Record, já no Domingo, fez um "Domingo Espetacular" para o astro pop.
Mas, arrisco dizer, nenhuma homenagem estará a altura do talento de Michael Jackson. Talento esse sempre "duvidoso" como a mídia falava antes da trágica notícia: Michael estava velho, doente, com câncer, cego e não daria conta de jeito nenhum da sua nova "loucura": fazer 50 shows pelo mundo na turnê This Is It.
Não existe culpado maior pela morte de Michael Jackson que os ditos "tablóides sensacionalistas britânicos", entre outras mídias, que não perderam o filão de explorar cada palavra dita por Jordan Chandler, em 1993.
Era o começo do fim de Michael Jackson. Em plena turnê Dangerous...
Eu, nascido em 1990, não pude acompanhar, infelizmente, o auge o cantor... Mas tive o prazer de ouvir suas músicas e acompanhar seus shows magníficos, bem como sua "fixação doentia" (mídia suja) em ajudar crianças carentes através de seu trabalho.
Não sou vidente, mas acredito piamente na inocência de Michael Jackson porque os fatos estão aí e não é preciso ser um doutor em Psicologia para entender todas as excentricidades do astro.
Sempre ouvia risos debochados e comentários "Tu escuta Michael Jackson, creeedo!" das pessoas vítimas da imprensa. Não me importava. Para mim, não existirá ninguém mais completo que MJ. O que seria das patricinhas destalentadas de hoje (Lady GaGa, Britney Spears, e genéricas), assim como dos Timberlakes da vida sem Michael Jackson? E esse bando de bandinha de "rock" brasileiras do tipo Jota Quest e Skank, o que seriam sem MJ?

Michael poderia estar vivo alegrando a todos. No entando, mais uma vez, a mídia crava o seu poder sobre o cadáver caído de Michael Jackson: "nenhum talento, por maior que seja, pode contra mim".
Enfim, é verdade, Elvis Presley seguiu o mesmo caminho.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Preparem-se: Retrospectiva de Junho e Top Five do "Polícia"

Ao remexer meus jornais antigos, uma ideia furtiva apareceu em minha cabeça e resolvi comprá-la. “Por que não fazer uma retrospectiva do mês de Junho?”. Hum, parece interessante para mim e para vocês a feliz recordação de fatos que marcaram o mês que passou. Uma crescente excitação e ansiedade foi tomando conta e eu cada vez mais fui gostando do “trabalho”. Possuo um respeitável acervo jornais, fruto de uma mania burguesa de comprá-los todos os dias desde o começo de Fevereiro. Para ser justo comigo mesmo, não tinha como analisar os jornais por completo, então resolvi “recortar” como se diz o objeto de estudo.
O procedimento foi feito tomando como base somente o primeiro caderno do jornal Diário do Pará, convencionado por “Atualidades”. Ressalto que não farei a análise tomando como base os dois principais jornais da capital: O Liberal e Diário do Pará; usarei apenas o último por motivos capitalistas e por ser esse que compõe o supracitado “acervo respeitável”.
Além da retrospectiva de Junho, estou preparando também um “Top Five” com as matérias mais escabrosas do ex-espirrassangue Caderno Polícia, do jornal dos Barbalho.
Enfim, aguardem...

sábado, 13 de junho de 2009

Earfonização social

Uma característica interessante venho notado em meu trajeto tedioso à universidade. O número de pessoas que preferem inserir um earfone em seus pavilhões auditivos vem aumentando nos últimos tempos, tomando como base os ônibus Satélite-UFPa e Icoaraci-UFPa.
Das duas uma: ou não passa de coincidência boba ou isso tem a ver com a crescente individualização do ser humano no meio social.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Realidade cruel

O lento cortejo acompanhava o corpo da mendiga Silvana, no cemitério de Santa Izabel, no bairro do Guamá. Alcoólatra, a pedinte se envolvera em um acidente de trânsito na Almirante Barroso. No impacto, a criança que carregava a tiracolo se salvou, milagrosamente.
Nas ruas, alguns falavam: “Aquela mulher é rica, cara... Disque ela aluga não sei quantas casas lá no Guamá...”, “Eu num dou um centavo pra essa mentirosa.”.
A vida de Silvana não foi fácil. Filha de merendeira com pedreiro, viviam em um barraco de lona na periferia do Guamá com mais 8 irmãos inicialmente. A situação era extremamente difícil. Nem todos tinham o privilégio de comer alguma coisa. A renda mensal máxima era de R$ 58,00. Quando a mãe engravidava, era uma alegria e um alívio. “Eba, a gente vai ter o que comer!”. O esporádico leite materno não durava muito. Fome. Doenças. Choros de madrugada. Sede.
Depois do fechamento da escola que a mãe de Silvana trabalhava, a situação piorou muito mais. Seis filhos morreram mês seguinte. Restaram Dejair, mais novo, e Silvana como a mais velha depois da “morrança”.
Roberto arranjara um bico de marceneiro, em uma oficina no bairro da Pratinha, enquanto Jandira levara as crianças para os ônibus e sinais, principalmente da Senador Lemos, para pedir dinheiro. Com o tempo, a prática de mendicância foi se aperfeiçoando e a grana foi aparecendo. A situação deu uma aliviada. Roberto começara a construir moradias.
Jandira tinha uma especial técnica para atrair centavos. Carregava o filho pequeno no colo e, fazendo cara de fome, pedia dinheiro para dar comida a seus filhos. A voz suplicante era fantasticamente agoniante. Silvana, a maior, passava a roleta para recolher as contribuições. O apelo era bastante convincente e emocionado, fruto do desespero de épocas anteriores.
Os alugueis de Roberto começaram a dar retorno à humilde família. Com o tempo, os filhos foram crescendo. Dejair, o filho pequeno de Jandira, crescera. Orientado pela mãe, teve que se fingir de doente mental para conseguir algum trocado. Já Silvana, seguira o papel da mãe. Mas não conseguia engravidar. Na própria periferia do Guamá, conseguira duas crianças para serem seus “filhos”. Vestida com panos sujos e maltrapilhos, com o rosto borrado de carvão e maquiagens, sai às ruas de Belém. Enquanto isso, Dejair melhorava sua farsa de deficiente. Muito boa, por sinal. Chegava a se babar e se urinar dentro dos ônibus, arrecadando muitos centavos, e até reais. Foi difícil aprender, mas a vergonha perdeu para a vontade de reais.
Jandira e Roberto, enquanto os filhos trabalhavam, descansavam na mansão no bairro da Brás de Aguiar, com 6 suítes, dois andares e cerca elétrica. Com 10 casas alugadas, todas construídas com o suor do pai da família; vivam no luxo agora. Empregados tinham 5, sem contar com 2 jardineiros.
Até que, numa tarde nublada de Sábado, Silvana morre em um acidente de trânsito. A criança escapa ilesa. A outra assiste a tudo. Sangue. Sirenes. Gritos. Jandira fica sabendo pela criança maior que estava junto de Silvana. Nada faz para ajudar sua filha mais velha.
Como indigente, Silvana é enterrada.
Dejair continua no serviço de deficiente.
A mendicância precisa se aperfeiçoar. O dito e popular: trabalho informal.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Assaltos. Sim, e o que é que têm?

Ser assaltado já faz parte da vida dos paraenses, igual beber água ou tomar vacina. Perder algo de valor, num primeiro momento, é sempre desagradável, vergonhoso, alguns mais desapegados não ligam, mas quando o assalto pula de categoria, para os com armas de fogo, tudo se modifica. O medo de perder um celular, em assaltos ditos "sem emoção", desaparece quando nos vemos diante de um revólver (muitos de numeração raspada).
A luta pela sobrevivência parece ser mais forte, da mesma forma que um antílope foge de uma onça no mundo dos irracionais. Mas com uma arma apontada para você, nada importa, o instinto de fugir é bloqueado porque a cultura do caos, promovia pela mídia, já ditou o comportamento dos assaltantes como "sem nada a perder" ou "atiram mesmo". Recebemos orientações de delegados e chefes de polícia no caso de assaltos. E agora? Não reagir e entregar tudo. Parece duas palavras de ordem no Brasil.
Os que portam as armas, muitas vezes, são menores de idade, totalmente absorvidos no mundo do crime e das drogas. Quantas vezes não vemos os ditos "cheira-colas" pelas ruas de Belém, principalmente no point no Monumento à Cabanagem, no Entroncamento. A cena se torna tão comum que nós já atribuímos a presença dos futuro marginais ao memorial. Simples. Redução de complexidade. Não queremos perder tempo protestando, arriscando-se. Já temos a ideia de que as autoridades não resolverão o problema, a polícia, idem.
Tudo se esvai, o jeito é, ao máximo, tentar uma adaptação à atual situação da cidade.

Universidade Federal da Maconha ou UFPa

A maior Universidade em números de alunos matriculados do Brasil, a UFPa, vem gradativamente recebendo o título de UFMa (Universidade Federal da Maconha, não do Maranhão). Vários são os pontos de tráfico no interior da universidade. Em plena luz do dia, presenciamos certa vez um grupo de pessoas consumindo a droga, sem medo de flagrantes, até porque, com a conivência do reitor e da segurança, que ficava a poucos metros do local, o clima de anarquia se acentua. Cada um faz o que quer. Exista uma chamada "Capela Ecumênica", ponto de lazer e bate-papo, totalmente inseguro e propício aos mais diversos tipos de atos ilícitos (sexo ao ar livre, consumo de drogas, etc...), por não existir sequer monitoramento.
E a bendita erva da nação do Reggae chega de tudo quanto é forma: pelo rio, a mais fácil de ocorrer por não existir nenhum controle de entrada e saída de pessoas por lá, como acontece também nos quatro portões da mesma. Facilmente um meliante ou traficante entra se portar uma mochila ou uma pasta, fingindo ser um universitário. Só fingir mesmo.
O problema grave de segurança dentro da UFPa já fez e faz vítimas regularmente. A mais polêmica foi o estupro de uma garota no banheiro feminino de um complexo de salas de aula do Campus I, chamado "Básico". O cúmulo pelo fato da própria administração da universidade em terceirizar o serviço de segurança, como se pode observar. Uma bela logística de planejamento.
Engraçado que, em certos momentos, a culpa do sucateamento crescente da mesma seja nossa, alunos irresponsáveis que não sabem cuidar do patrimônio público, como dão a entender as milhares de placas espalhadas que alertam para a não-depredação.
Não está mais se gastando no básico serviço de segurança dentro da nossa universidade, infelizmente. Membros do movimento estudantil uefepeano, que lutam pelos nossos interesses, também são adeptos dessa democracia sem limites, como dizem. Paz e amor!

terça-feira, 21 de abril de 2009

"Publicar Postagem". Será?

Em meio a tantos casos de impunidade e descaso com a população que sofre, entre tantas mazelas, com a saúde e segurança pública, é comum (pelo menos para o autor) acharmos que nada presta, que a justiça dos homens, os tais direitos humanos, só servem, na realidade, para rechear os emocionantes discursos políticos, os quais ainda são de fundamental importância para eleger, todavia, os mesmos corruptos de sempre.
Atrelado vem o constante eco dos discursos: "As autoridades precisam tomar vergonha na cara...", "Isso é um absurdo! Tem gente morrendo nas filas do pronto-socorro! Balança, cartão vermelho para o prefeito!", O que tem de ser feito é o 'poder público' (termo bastante usado) tomar medidas que garantam o bem-estar da população; só assim sairemos dessa miséria.".
Depois de tanto ouvir isso pela mídia, nos vem uma dúvida quanto a validade de nos fazermos esses questionamentos. Será que esse mundo moderno está nos tolhindo de questionar? Será que a moda do momento é se calar ante aos crassos erros de gestão que estão nos afetando diretamente? Será que viraremos mulher de malandro*, como diz o povão?
A moda do momento é "não se preocupar com essas coisas cafonas e inúteis", como corrupção em todos os níveis (saúde pública, educação, cultura, lazer, esporte), assaltos de todos o tipos e para todos os gostos (uns mais cruéis, outros mais leves, alguns com mortes, depende da sorte), redução de salário e aumento da jornada de trabalho, entre outros assuntos que não competem à vida do cidadão? Será essa a moda?
Onde está o tão vangloriado e bajulado movimento estudantil? Os estudantes de hoje, em pleno século XXI, estão motivados a lutarem pelas melhorias na educação e contra as imposições do Governo? Ou estão contaminados pelo capitalismo moderno, que visa somente atender os interesses da elite política atual?
Relutei em clicar "Publicar Postagem" por todos os motivos acima expostos. Com a mentalidade geral: "Não adianta nada falar essas coisas porque nada presta, nada melhora, ninguém se interessa."
GLOSSÁRIO: Mulher de malandro: Expressão chula referente àquela que apanha calada.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

"Pará: terra de pistoleiros e sem-terras"

Ontem, a ORM deu, mais uma vez, a sua contribuição do jornalismo paraense ao Brasil. Do mesmo modo que a Record Belém quase que montou a reportagem especial sobre o abuso e prostituição infantil, principalmente no Pará, exibida em rede nacional.
As duas emissoras paraenses merecem o nosso reconhecimento por estar levando a realidade tão evidente em nosso estado ao conhecimento público. Contrapondo-se a esse sentimento de pertencimento ao Brasil que nos aflora quando somos citados em jornais ou programas nacionais, a semente do mal-estar ainda permanece com o total desinteresse sobre os nossos costumes, cultura e patrimônio histórico. O que vimos ontem foi, de fato, uma das realidades que tanto aflingem nossa região; no entanto, arrisco dizer que não haverá um acompanhamento de tais acontecimentos (MSTxPM e Prostituição Infantil), causando uma generalização e estigmatização do norte do Brasil como sendo a casa dos conflitos de terra e da prostituição e tráfico de menores, como acontece com os diversos preconceitos sobre a floresta densa, jacarés e índios passeando pelas cidades do norte.

domingo, 19 de abril de 2009

Notoriedade ET.

Todos nós queremos a sonhada fama, ou pelo menos ser capa de revista ou notícia. Isso é um fato irrefutável, inerente a todo o ser humano. Somos seres de aparências. O Brasil, ora, é a terra das aparências. O nosso jeitinho brasileiro, "rir-se quando se deve morrer de tanto chorar". A míseria não é impecilho para a nossa aparente "alegria de viver", tão vendida como produto turístico para inglês ver.
Com o recente avanço digital, os tais engenheiros virtuais criaram, com a difusão da Internet, diversos mecanismos que auxiliam nessa tão sonhada notoriedade. E o absurdos em razão dela pipocam à toda hora. Definitivamente, vale tudo. O site de relacionamentos são os campeões nessa modalidade. Como doença, as câmeras digitais espalham-se tão velozmente que, para o azar dos espelhos, protagonistas de fotos absurdas como o da filha, maquiada e penteada que retratou sua mãe no vaso sanitário e, para o azar da genitora da criatura, foi tudo para a rede. Facilmente explicado, a fama em primeiro lugar, mesmo que atrelada à baixaria.
Seguindo esse caminho, o Big Brother é outro playground da baixeza e hipocrisia. Mas, inexplicavelmente, os que protagonizam os piores vexames são os que mais conquistam o apego do público, supostamente. Como explicar? Existe explicação lógica? Ou será, na realidade, uma lavagem cerebral efetuada por seres alienígenas onde nós, gradativamente, estamos a aceitar tudo passivamente, sem questionamento, como robôs adestrados. Será que os ET's estão nos meios de comunicação de massa e nós não o reconhecemos? Roberto Marinho teria sido um deles?

domingo, 12 de abril de 2009

"SAI, DROGA, SAI! Esse ovo é MEU! Ah! É você primo? Poxa, Feliz Páscoa aí, viu?"

Nós, católicos fervorosos que somos, temos muitos rituais e compromissos para com a nossa religião. A mais importante desse mês é a Páscoa. Poucos são os que não sabem que a Páscoa, segundo os ditames sagrados, diz respeito ressurreição de Jesus Cristo - para os desinformados "o salvador da humanidade" ou "aquele que deu a sua vida pela nossa" - dentro do sepulcro (local semelhante a uma caverna, lacrada com uma enorme rocha, como mostrado nos filmes que abarrotam as programações brasileiras nessa época do ano).
Alguns dizem ser esse o mais importante dos simbólicos dias do catolicismo, portanto, é bem esperado de todos os praticantes moderação e respeito. Em dias assim, é dificílimo encontrar um católico em casa, aproveitando o feriadão. Quase poucos são os que viajam para "curtir". A imensa maioria, quase esmagadora, isola-se em igrejas e revivem o sofrimento de Jesus Cristo, o Salvador, na caminhada torturante e sangrenta rumo à cruz. Todos ali, rezando pelo seu salvador. Quase nenhum, salvo raríssimas exceções, sai de casa rumo às tentações de descanso em praias e casas de veraneio. Explica o pouco transtorno em estradas estaduais e federais.
Nos dias que antecedem o "Domingo de Páscoa" (quinta e sexta-feira santas), o católico NÃO deve:
1) consumir carne vermelha (o mais martelado pelo mercado alimentício);
2) pegar em vassouras para limpar a casa;
3) olhar-se no espelho;
4) brincar, trabalhar, almoçar antes das 15:00h;
5) ouvir música;
6) brigar com irmão, filho, tio, pai, mãe, avós, vizinho, cunhado, concunhado, sobrinhos, marido, esposa, etc e também é vetado o chute em: cachorros, gatos, primos chatos, papagaios e periquitos.
No aguardadíssimo "Sábado de Aleluia", compensa-se todas essas privações ditadas pela santa igreja católica.
"Domingo de Páscoa! Feliz Páscoa!"
(...)
"Feliz Páscoa"? Como assim? Por que essa frase está prestes a entrar na lista de "boas maneiras" que nós aprendemos quando crianças, como "Por favor? Obrigado! Com licença?"? Será que já entrou, como o "Feliz Natal"?
(...)
Ah, seria um tremendo erro não comentar, em pleno "Domingo de Páscoa", da alegria da criançada, o "Ovo de Páscoa". Ah, que maravilha! Ao fundo, a musiquinha símbolo de vendas (que não menciona sequer o nome de Jesus Cristo): "Coelhinho da páscoa que trazes pra mim: um ovo, dois ovos, três ovos assim..."
O filão de mercado em Abril, creio eu, não supera o mês de Dezembro, mas chega perto com toda a publicidade sobre o coitado que morreu por nós e voltou à vida. Será que os homens se aproveitam do sobrenatural da data para faturarem?
"Compre, ainda não comprou o seu ovo de páscoa? Meu Deus, que horror, o Ovo de Páscoa! Esqueci! Me perdoe, filho, por favor, não chore pro papai! Eu vou agora mesmo comprar!".
Será que as pessoas compram montanhas desses ovos para suprirem a total indiferença perante a data? Seria errado afirmar que as pessoas falam "Feliz Páscoa" apenas por ser a febre dessa época do ano ou por quê, realmente, entendem e respeitam a data, tendo em mente o que ela significa?
Ah, mas poucos mesmo são os que esquecem de comemorar, nas igrejas, a ressureição de Jesus Cristo. Igrejas lotadas, lindo de ver, principalmente de jovens! Que alegria! Todos rezando e orando pelo salvador. Nada desse estresse de compra de presentes e almoços fartos. Ele voltou! Aleluia!
Enfim,
FELIZ PÁSCOA! (Já que não importa esse tal de sentimento e amor pela data)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Gravidez e Aborto

O dom natural de gerar um ser humano que a mulher possui é fantástico e complexo. A lei natural da vida - nascer, crescer, reproduzir e morrer - dita a unidirecionalidade ininterrupta da vida, semelhante a um "dogma". No entanto, as coisas mudaram muito. Sim, é tudo muito mais complexo. Existem npossibilidades, n situações, ainda mais com o avanço científico da medicina; até ações contraceptivas foram criadas.
É fato que muitos brasileiros desconhecem os meios de se evitar a gravidez. A sociedade entendida rotula somente os ignorantes e analfabetos como "procriadores desenfreados". Ora, mas não é essa a lei natural da vida? Algo está indo contra o dogma biológico, e é essa a questão.
O capitalismo sem limites e a incessante busca de uma vida melhor fazem o ser humano deixar de lado essa "baboseira" biológica. Todos querem, na verdade, um belo "filho" na conta bancária, de três a quatro... dígitos. Isso influencia e muito quando o assunto é Aborto. Quanta polêmica...
É verdade que esta palavra nos remete à cenas fortes de "cirurgiões" usando-se de instrumentos pesados e afiados no formato de colher penetrando uma grávida ensanguentada e despedaçando o pequeninho ser indefeso. Sim, barbaridades assim aconteceram e em casos isolados - e bem isolados - acontecem. Hoje, a maioria dos abortivos atacam somente o embrião, não causando dor à mulher. Fica uma pergunta então: Por que se fazia isso? Por que não deixar a criança nascer, já que a lei biológica é sempre unidirecional e ininterrupta?
Como já disse, os tempos mudaram. Gerar uma criança pode até ser barato, mas cuidar não. Arrisco dizer que nem se o regime fosse ainda socialista sairia barato... Cuidar de um filho custa caro. Surgem clínicas - clasdestinas - de aborto. É uma tendência para a economia. Muitas mulheres frequentam. Até as ginecologistas atuais prescrevem abortivos mediante grávidas chorosas com n argumentos favoráveis ao não-nascimento do filho. Faculdade, emprego, blá-blá-blá...
Então, por que o Governo insiste em proibir atos comuns, como o aborto hoje em dia?

terça-feira, 7 de abril de 2009

Algo sobre a cultura. "Quê!? TV Cultura? O que tem aquela porcaria!?"

A população brasileira atônita em frente à TV. Ora, final de "novela das oito" ou "show da virada" é tudo que brasileiro gosta. Somos felizes assim. Para nós, a REDE GLOBO sempre é líder de audiência por apresentar programações, há anos constantes, mas que sempre nos surpreende. Nem parece que somos o país da corrupção ou do analfabetismo. Mas parece que somos o país do futebol e do carnaval. Estranho, não?
10:00h.Terça-feira. Todos ligados na Globo. É o dia sagrado do "Paredão do BBB". "Ora, esse Bial fica enrolando a gente!". A decisão. O grito de uns; o choro de outros. "Não, ela saiu! Tsc, caramba...". O jornalista Pedro Bial, referência a todos os estudantes de jornalismo, disse quem saiu da casa. "Pega! Essa desgraçada saiu! Era muito falsa!". Depois, para relaxar, damos "aquela espiadinha" porque somos filho de Deus, ora.
O Big Brother Brasil, que encerrou hoje a sua 9ª edição (NONA, ah, e daí?), realmente, é a fábrica de dinheiro da TV Globo. É a "menina dos olhos" de toda peça publicitária. Tudo é milimetricamente pensado para dita. Os humanos que conseguem entrar na "casa mais famosa do Brasil" viram meros peões (coitados?) movidos pelo capital da empresa que "der mais" para ver a sua marca estampada nas fantasias dos participantes, ou até mesmo, o que ficou evidente na dita "prova do líder" da reta final da nona edição: Usou-se uma super cola, colaram os finalistas de cabeça para baixo e, numa espécie de tirolesa, jogaram-os de lá para comprovar a eficácia do produto. Uau, presenciamos um laboratório de testes ao vivo e a cores. "Que aflição aquela prova, vistes?". Imaginem as cifras só daquela prova. Será que foi mais que o extraordinário valor pago pelo programa ao vencedor, um milhão de reais? Ou foi mais que isso?(Possível?)
Ah, gostamos de ver as "pessoas escolhidas ao acaso, sem nenhum critério racial, sexual e financeiro", como são as que entram no BBB (ou não?). Adoramos a periodicidade do programa. Sabemos de cor o dia que toca o "temido" Big Fone. Ah, e também decoramos o site para votação gratuita ou, para os mais burgueses (ou para os miseráveis que se endividam para o bem do programa e da sua própria consciência por ter a indiscutível certeza de estar eliminando da casa uma pessoa "que merece", porque sabem que quem manda no programa são eles, não havendo nenhuma interferência do diretor) que já gravaram o número para votar.
Ah, o pay-per-view... Que qualidade! "Não é essas porcarias de Discovery Channel". Muito mais interessante assistir ao dia-a-dia de seres humanos que, por exemplo, ouvir uma notícia na CNN ou, pior ainda, ler um livro. "Credo!". Usam-se do argumento-dúvida "O que eles vão fazer dentro dessa casa rodeada de câmeras por todos os lados?". Como se a qualquer momento, tendo a assinatura da transmissão 24h, saisse uma descoberta científica a cada meia hora. "Ah, mas pode sim..."- dizem alguns.
E o que falar das discussões que tanto mexem com nossas emoções. Quanto mais tensão dentro da casa, melhor. "Aí que eu faço questão de ver!". Nosso lado sádico é muito bem aproveitado pela cabeça pensante que produz o BBB: a produção.
Enfim, BBBmaníacos, não se sintam retraídos por defenderem as suas posições em assistirem ao Big Brother; afinal você é que tem o controle remoto (ou o dedo indicador, aos menos favorecidos) para mudar de canal a hora que quiser.
"Ah, mas pra que mudar de canal se a Globo é a melhor emissora brasileira? Parece doido, eu hein!"

sábado, 4 de abril de 2009

"Seu pedófilo!"

A pedofilia tão em voga nos noticiários brasileiros, mais recentemente com a instauração da CPI da Pedofilia pelo Deputado Magno Malta, agrava uma tendência do mundo moderno em relação às vítimas diretas desse nefasto crime: a coisificação das crianças.
Com toda a massificação desse tipo de crime, uma situação desconfortante é gerada no meio social. Os pais, com medo de, a qualquer momento, um estranho levar as suas proles, superprotegem as mesmas - com razão e amparo da mídia -, criando uma barreira exagerada e cruel com um ser humano ainda em formação. O cidadão, agora, trata a criança como adulto, não reparando na existência da mesma, não mais com tratamentos antes normais (brincadeiras, contar histórias engraçadas - até mesmo a profissão de palhaço entra em xeque -, o lúdico da infância) e sim ásperos, com base no medo de uma acusação precipitada e feroz de "tendências pedófilas", manchando a sua reputação de maneira cruel e irreversível.
As consequências judiciais para os que comentem tal crime covarde e repugnante são pesadas, além do risco de linchamentos populares, por gerar uma comoção popular exorbitante. Portanto, uma crescente estigmatização de qualquer pessoa que se aproxime de uma criança seja um pedófilo se confirma. 
Acredito que se isso se mantiver e se agravar, a paranóia dos pais em enjaularem seus filhos aumentará, de modo a exterminar de vez as tão conhecidas brincadeiras de rua, onde várias crianças se divertem e, de suma importância, interagem com as outras, auxiliando em sua formação. Caso isso se agrave, o extremo seria não mais sequer olhar e começar a temer qualquer criança. 

Código de Hamurabi - O Retorno (?)

Ontem, na Universidade Federal do Pará (UFPa), durante o "Forró de Geografia", um princípio de linchamento foi iniciado contra um rapaz que, supostamente, assaltara no decurso do evento. O "chocante" se deu com a participação de universitários na confusão. O "meliante" só não foi morto pela aparição milagrosa de estudantes recém-saídos de suas aulas, os quais fizeram um cordão de isolamento em seu entorno. É bem verdade que esse hábito se faz presente nas periferias belenenses, até mesmo nos arredores da universidade; mas até dentro de seus "muros" inteligíveis eles conseguem se alastrar? Num antro de conhecimento e bom-senso? A falta de segurança gritante no interior da maior universidade do norte do país é um agravante para que casos assim ocorram. É de conhecimento público que, no decorrer desses eventos culturais, além de drogas e entorpecentes, os crimes como assaltos e estupros também se fazem presentes. Também pudera, com uma localização beira-rio como o caso da UFPa, qualquer um pode fazer uma visitinha para ajudar a formar tais eventos e, de tabela, as estatísticas. A grande massa de estudantes revoltosos que quis o linchamento foi, sem dúvida, movida pelo mesmíssimo sentimento de descaso que leva também grande parte da população carente a fazê-lo: o descaso e a descrença de uma justiça que os represente de fato. Desconstrói-se, com isso, a belíssima utopia de "Terra de direitos", "Justiça para todos(as)" e "Direitos humanos". As pessoas carentes usam a justiça "real e pé-no-chão" que lhes é comum: a do olho-por-olho, dente-por-dente, onde é possível, ao mesmo tempo, expurgar o ódio de tanto esquecimento público e, de maneira cruel, resolver a situação, pelo menos a priori. Não foi diferente na universidade. Mesmo com o agravante de serem universitários (de onde se espera o comportamento racional) não foi suficiente para conter o clima de insatisfação e insegurança crescente nos estudantes, que vinha sendo acumulado, gerado pelas autoridades responsáveis pela instituição.  Arrisco dizer que a emoção, nesse caso, complementou-se à razão a favor de uma resolução óbvia, mas que os "grandões" não enxergam.

-Informações da comunidade Comunicação Social UFPA 2009 (Adriano Fernandes) - Tópico "Hard News"

segunda-feira, 2 de março de 2009

A hipocrisia nossa de cada dia

O Brasil apresenta problemas sócioeconômicos tão graves que sua população, seguindo o rótulo do “jeitinho brasileiro”, tenta distanciar-se desesperadamente, visando àquela vida que lhe é sugerida em telenovelas e afins. A galhofa, recheio dos principais meios de entretenimento hoje, está tão disseminada que não é difícil encontrá-la nos, até então incorrompíveis, setores sociais: Igreja, família e trabalho. O que antes era “brincadeirinha de criança”, hoje mentir vem se tornando um pré-requisito para ter-se “vida sócioeconômica” plena.
O curioso disso é que boa parcela dos brasileiros não notam a absurda proposta de vida que os "meios culturais” tentam vender. Verdade seja dita: muitos querem galgar ao “American way of life”, propositalmente imposto pela mídia. E isso implica, obviamente, no uso da hipocrisia, o quesito primeiro deste estilo de vida. Com isso, a população incorpora-a ao dia-a-dia, corroendo o seu senso crítico, algo que o cidadão, sobretudo o brasileiro inconformado com o descaso que o país lhe assiste, deveria preservar.
Outro uso que se pode conferir à hipocrisia, esse mais visível que o anterior, é relacionando-a a um “colete à prova de balas”, no qual o usuário protege-se da verdade a qual está sujeito diariamente, como miséria, violência e descaso do governo, por visar à uma aparente melhoria em sua qualidade de vida. Esse modo hipócrita de encarar a realidade resulta no esperado pelas autoridades políticas: a “acomodação” social.
No entanto, os frutos aparecem, e sempre para pior, logicamente. Tragédias familiares, padres pedófilos, corrupção no Congresso Nacional, preconceito de todos os tipos, entre outros, retratam as tristes conseqüências que, surpreendentemente, não conseguem apagar esse vício tão bem tecido na população. A hipocrisia é um costume brasileiro tão bem reforçado pelos órgãos estatais que, além de necessário, é prioridade na vida de qualquer cidadão hoje.

Uma redação em arquivo.

A Escola Alberto Fantasia nunca mais foi a mesma após o extraordinário acontecimento. Todos ficaram assustados e atordoados, também pudera, com esse tipo de coisa acontecer em uma escola do interior de uma cidade pacata e tranqüila.
Ângela Pêra foi a primeira a ver. Seu sentimento foi de profundo choque, pois o que seria um dia rotineiro de aula se tornou uma confusão de repórteres e cinegrafistas. Carros e mais carros de jornais, transmissões ao vivo para todo o país e ela, Ângela Pêra era uma garota reservada e pensava que nunca iria acontecer nada de fantástico e inusitado com ela. Mas aconteceu. Ela se tornou o alvo de inúmeros repórteres afoitos por informações. Todos queriam informações.

- Como ele era? – perguntou um jornalista.
- Ele falou com você, Ângela? - perguntou um repórter.
- Ângela, o que realmente aconteceu lá nas árvores? - indagou um policial.

Ângela, sem saber por onde começar, tentou uma resposta que agradasse a todos.

- Ele disse que irá retornar e fazer mais vítimas. Minha amiga não merecia isso e estou realmente triste com tudo o que está acontecendo.
Os repórteres não se deram por satisfeitos e pediram mais detalhes sobre o homem que matou a amiga de Ângela, afinal de contas, Ângela e Vanessa eram inseparáveis, segundo os amigos e professores da Alberto Fantasia. Ângela disse:
- Foi tudo muito rápido. Eu e Vanessa estávamos conversando e comendo bombons quando ela simplesmente caiu no chão gritando. Pensei que fossem os doces, mas havia um homem pequeno e de capa vermelha atrás dela. Eu me assustei com o que ele disse e saí correndo de volta à escola. Vanessa não merecia isso. Parem de me pressionar! – disse Ângela tremendo.
Os repórteres deram uma trégua para a pequena Ângela Pêra e seguiram entrevistando outras pessoas e amigos dela e da vítima. Nunca uma escolinha do interior tinha acumulado tanto repórter e carros de polícia. Todos os jornais com a mesma manchete: “MORTE NO ALBERTO FANTASIA. ASSASSINO FORAGIDO”. Provavelmente, mortes inexplicáveis e assassinos misteriosos atraiam a atenção das pessoas e jornalistas. O tempo passou, mas não apagou o triste ocorrido.
Ângela Pêra calculara muito bem sua ascensão na carreira televisiva, fruto de uma armação brilhante nos tempos da escola, da qual nunca ninguém desconfiou. Ela sempre foi bastante determinada e inteligente a ponto de matar uma garota envenenada e inventar uma história mirabolante de um suposto homem de capa vermelha. Agora, vive feliz e tranqüila em sua mansão milionária e todos os dias ouve seu nome na mídia revelando uma postura a favor dos mais carentes e necessitados.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Tradições e crendices: Até quando?

Até quando uma tradição resiste aos avanços famintos da Globalização? O que será, por exemplo, da velha vendedora de ervas do Ver-O-Peso, a famosa dona Cheirosinha e suas companheiras de profissão? Até quando terão retorno financeiro vantajoso, com o avanço das tecnologias fármaco-terápicas? Será o fim das crendices populares? Afinal de contas, nada é para sempre. Até quando resistirão ao processo de padronização social, imposto pelo capitalismo, no qual as pessoas terão uma significafiva redução nas atividades de lazer/felicidade e um progressivo recrudescimento em atividades profissionais/mais horas de trabalho e preocupação ininterrupta com o posto ocupado no trabalho?
Parece ou não uma idéia exagerada e sem aplicação prática?