sábado, 29 de maio de 2010

O cheiro do queijo vermelho - Parte 2

"Silmara, aos 35 anos, não pretendia ter filhos.
Sua mãe trabalhava como enfermeira em um hospital particular da capital. O pai falecera quando Silmara estava para nascer. O resto da família (primos, tios, irmãos) aos poucos foi perdendo o contato quando Anamara teve sua cria. Agora era só mãe e filha.
-Imunda! Não se esfrega em mim sua cachorra pirenta!, dizia a mãe para uma filha carente de abraço, que ainda nem sequer entendia o que aquilo significava. Anamara gozava ao insultar aquela coisa que saíra de seu próprio ventre.
Certa vez, num dos contínuos acessos de raiva de Anamara para filha, algo saiu errado ou muito trágico para ser uma simples berração.
Quando o carro do IML chegou, o corpo estirado de Anamara continuava na cozinha onde foi perfurado nove vezes por uma criatura que invadiu o quarto da filha e atacou a mãe na cozinha.
Silmara não soube dizer aos peritos porque estava ensangüentada ou porque sua mão esquerda estava tesa apertando o cabo de uma chave de fenda sangrante."

domingo, 23 de maio de 2010

O cheiro do queijo vermelho

Às vezes, na vida, nos deparamos com cada problema que parece não ter sequer uma esperança de solução. Os dois caminhos estão muito presentes nesses momentos de decisão. Ou você escolhe "lutar", enfrentar a dificuldade ou você simplesmente "esquece", desiste. Arque com as consequências mais tarde.
Hoje é um dia, digamos, "especial" para mãe e filha. Prepare-se para descobrir a importância de um simples esclarecimento.


"-LETÍCIA!, berrou a mãe, -Sua imbecil, entra nesse carro de uma vez!
O relógio era cruel: 8:23h da manhã de terça-feira, 3 de fevereiro. A mãe impaciente e a filha relapsa. Nada fora do lugar. Tudo na mais perfeita ordem: mãe impaciente e filha relapsa.
Letícia entrara no carro às 8:32h, após ameaças, maldizeres e muitos palavrões de sua mãe. "Mas será que ela não entende que não posso deixar de pensar que eu num tenho culpa de pensar...", pensou infinitamente Letícia, ao longe a mãe falando sem parar, mas a filha captava algumas palavras como "imunda", "lesa" e "débil mental". Tudo na mais perfeita ordem.
*
Silmara de repente, no meio da estrada para o aeroporto que estavam indo, pisa no freio com tanta raiva que parte o salto esquerdo que usava. Letícia, por sorte, colocara o cinto.
O carro pára.
-Desce, imundície!
Letícia olha para mãe de um jeito diferente do habitual."