quinta-feira, 30 de abril de 2009

Assaltos. Sim, e o que é que têm?

Ser assaltado já faz parte da vida dos paraenses, igual beber água ou tomar vacina. Perder algo de valor, num primeiro momento, é sempre desagradável, vergonhoso, alguns mais desapegados não ligam, mas quando o assalto pula de categoria, para os com armas de fogo, tudo se modifica. O medo de perder um celular, em assaltos ditos "sem emoção", desaparece quando nos vemos diante de um revólver (muitos de numeração raspada).
A luta pela sobrevivência parece ser mais forte, da mesma forma que um antílope foge de uma onça no mundo dos irracionais. Mas com uma arma apontada para você, nada importa, o instinto de fugir é bloqueado porque a cultura do caos, promovia pela mídia, já ditou o comportamento dos assaltantes como "sem nada a perder" ou "atiram mesmo". Recebemos orientações de delegados e chefes de polícia no caso de assaltos. E agora? Não reagir e entregar tudo. Parece duas palavras de ordem no Brasil.
Os que portam as armas, muitas vezes, são menores de idade, totalmente absorvidos no mundo do crime e das drogas. Quantas vezes não vemos os ditos "cheira-colas" pelas ruas de Belém, principalmente no point no Monumento à Cabanagem, no Entroncamento. A cena se torna tão comum que nós já atribuímos a presença dos futuro marginais ao memorial. Simples. Redução de complexidade. Não queremos perder tempo protestando, arriscando-se. Já temos a ideia de que as autoridades não resolverão o problema, a polícia, idem.
Tudo se esvai, o jeito é, ao máximo, tentar uma adaptação à atual situação da cidade.

Universidade Federal da Maconha ou UFPa

A maior Universidade em números de alunos matriculados do Brasil, a UFPa, vem gradativamente recebendo o título de UFMa (Universidade Federal da Maconha, não do Maranhão). Vários são os pontos de tráfico no interior da universidade. Em plena luz do dia, presenciamos certa vez um grupo de pessoas consumindo a droga, sem medo de flagrantes, até porque, com a conivência do reitor e da segurança, que ficava a poucos metros do local, o clima de anarquia se acentua. Cada um faz o que quer. Exista uma chamada "Capela Ecumênica", ponto de lazer e bate-papo, totalmente inseguro e propício aos mais diversos tipos de atos ilícitos (sexo ao ar livre, consumo de drogas, etc...), por não existir sequer monitoramento.
E a bendita erva da nação do Reggae chega de tudo quanto é forma: pelo rio, a mais fácil de ocorrer por não existir nenhum controle de entrada e saída de pessoas por lá, como acontece também nos quatro portões da mesma. Facilmente um meliante ou traficante entra se portar uma mochila ou uma pasta, fingindo ser um universitário. Só fingir mesmo.
O problema grave de segurança dentro da UFPa já fez e faz vítimas regularmente. A mais polêmica foi o estupro de uma garota no banheiro feminino de um complexo de salas de aula do Campus I, chamado "Básico". O cúmulo pelo fato da própria administração da universidade em terceirizar o serviço de segurança, como se pode observar. Uma bela logística de planejamento.
Engraçado que, em certos momentos, a culpa do sucateamento crescente da mesma seja nossa, alunos irresponsáveis que não sabem cuidar do patrimônio público, como dão a entender as milhares de placas espalhadas que alertam para a não-depredação.
Não está mais se gastando no básico serviço de segurança dentro da nossa universidade, infelizmente. Membros do movimento estudantil uefepeano, que lutam pelos nossos interesses, também são adeptos dessa democracia sem limites, como dizem. Paz e amor!

terça-feira, 21 de abril de 2009

"Publicar Postagem". Será?

Em meio a tantos casos de impunidade e descaso com a população que sofre, entre tantas mazelas, com a saúde e segurança pública, é comum (pelo menos para o autor) acharmos que nada presta, que a justiça dos homens, os tais direitos humanos, só servem, na realidade, para rechear os emocionantes discursos políticos, os quais ainda são de fundamental importância para eleger, todavia, os mesmos corruptos de sempre.
Atrelado vem o constante eco dos discursos: "As autoridades precisam tomar vergonha na cara...", "Isso é um absurdo! Tem gente morrendo nas filas do pronto-socorro! Balança, cartão vermelho para o prefeito!", O que tem de ser feito é o 'poder público' (termo bastante usado) tomar medidas que garantam o bem-estar da população; só assim sairemos dessa miséria.".
Depois de tanto ouvir isso pela mídia, nos vem uma dúvida quanto a validade de nos fazermos esses questionamentos. Será que esse mundo moderno está nos tolhindo de questionar? Será que a moda do momento é se calar ante aos crassos erros de gestão que estão nos afetando diretamente? Será que viraremos mulher de malandro*, como diz o povão?
A moda do momento é "não se preocupar com essas coisas cafonas e inúteis", como corrupção em todos os níveis (saúde pública, educação, cultura, lazer, esporte), assaltos de todos o tipos e para todos os gostos (uns mais cruéis, outros mais leves, alguns com mortes, depende da sorte), redução de salário e aumento da jornada de trabalho, entre outros assuntos que não competem à vida do cidadão? Será essa a moda?
Onde está o tão vangloriado e bajulado movimento estudantil? Os estudantes de hoje, em pleno século XXI, estão motivados a lutarem pelas melhorias na educação e contra as imposições do Governo? Ou estão contaminados pelo capitalismo moderno, que visa somente atender os interesses da elite política atual?
Relutei em clicar "Publicar Postagem" por todos os motivos acima expostos. Com a mentalidade geral: "Não adianta nada falar essas coisas porque nada presta, nada melhora, ninguém se interessa."
GLOSSÁRIO: Mulher de malandro: Expressão chula referente àquela que apanha calada.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

"Pará: terra de pistoleiros e sem-terras"

Ontem, a ORM deu, mais uma vez, a sua contribuição do jornalismo paraense ao Brasil. Do mesmo modo que a Record Belém quase que montou a reportagem especial sobre o abuso e prostituição infantil, principalmente no Pará, exibida em rede nacional.
As duas emissoras paraenses merecem o nosso reconhecimento por estar levando a realidade tão evidente em nosso estado ao conhecimento público. Contrapondo-se a esse sentimento de pertencimento ao Brasil que nos aflora quando somos citados em jornais ou programas nacionais, a semente do mal-estar ainda permanece com o total desinteresse sobre os nossos costumes, cultura e patrimônio histórico. O que vimos ontem foi, de fato, uma das realidades que tanto aflingem nossa região; no entanto, arrisco dizer que não haverá um acompanhamento de tais acontecimentos (MSTxPM e Prostituição Infantil), causando uma generalização e estigmatização do norte do Brasil como sendo a casa dos conflitos de terra e da prostituição e tráfico de menores, como acontece com os diversos preconceitos sobre a floresta densa, jacarés e índios passeando pelas cidades do norte.

domingo, 19 de abril de 2009

Notoriedade ET.

Todos nós queremos a sonhada fama, ou pelo menos ser capa de revista ou notícia. Isso é um fato irrefutável, inerente a todo o ser humano. Somos seres de aparências. O Brasil, ora, é a terra das aparências. O nosso jeitinho brasileiro, "rir-se quando se deve morrer de tanto chorar". A míseria não é impecilho para a nossa aparente "alegria de viver", tão vendida como produto turístico para inglês ver.
Com o recente avanço digital, os tais engenheiros virtuais criaram, com a difusão da Internet, diversos mecanismos que auxiliam nessa tão sonhada notoriedade. E o absurdos em razão dela pipocam à toda hora. Definitivamente, vale tudo. O site de relacionamentos são os campeões nessa modalidade. Como doença, as câmeras digitais espalham-se tão velozmente que, para o azar dos espelhos, protagonistas de fotos absurdas como o da filha, maquiada e penteada que retratou sua mãe no vaso sanitário e, para o azar da genitora da criatura, foi tudo para a rede. Facilmente explicado, a fama em primeiro lugar, mesmo que atrelada à baixaria.
Seguindo esse caminho, o Big Brother é outro playground da baixeza e hipocrisia. Mas, inexplicavelmente, os que protagonizam os piores vexames são os que mais conquistam o apego do público, supostamente. Como explicar? Existe explicação lógica? Ou será, na realidade, uma lavagem cerebral efetuada por seres alienígenas onde nós, gradativamente, estamos a aceitar tudo passivamente, sem questionamento, como robôs adestrados. Será que os ET's estão nos meios de comunicação de massa e nós não o reconhecemos? Roberto Marinho teria sido um deles?

domingo, 12 de abril de 2009

"SAI, DROGA, SAI! Esse ovo é MEU! Ah! É você primo? Poxa, Feliz Páscoa aí, viu?"

Nós, católicos fervorosos que somos, temos muitos rituais e compromissos para com a nossa religião. A mais importante desse mês é a Páscoa. Poucos são os que não sabem que a Páscoa, segundo os ditames sagrados, diz respeito ressurreição de Jesus Cristo - para os desinformados "o salvador da humanidade" ou "aquele que deu a sua vida pela nossa" - dentro do sepulcro (local semelhante a uma caverna, lacrada com uma enorme rocha, como mostrado nos filmes que abarrotam as programações brasileiras nessa época do ano).
Alguns dizem ser esse o mais importante dos simbólicos dias do catolicismo, portanto, é bem esperado de todos os praticantes moderação e respeito. Em dias assim, é dificílimo encontrar um católico em casa, aproveitando o feriadão. Quase poucos são os que viajam para "curtir". A imensa maioria, quase esmagadora, isola-se em igrejas e revivem o sofrimento de Jesus Cristo, o Salvador, na caminhada torturante e sangrenta rumo à cruz. Todos ali, rezando pelo seu salvador. Quase nenhum, salvo raríssimas exceções, sai de casa rumo às tentações de descanso em praias e casas de veraneio. Explica o pouco transtorno em estradas estaduais e federais.
Nos dias que antecedem o "Domingo de Páscoa" (quinta e sexta-feira santas), o católico NÃO deve:
1) consumir carne vermelha (o mais martelado pelo mercado alimentício);
2) pegar em vassouras para limpar a casa;
3) olhar-se no espelho;
4) brincar, trabalhar, almoçar antes das 15:00h;
5) ouvir música;
6) brigar com irmão, filho, tio, pai, mãe, avós, vizinho, cunhado, concunhado, sobrinhos, marido, esposa, etc e também é vetado o chute em: cachorros, gatos, primos chatos, papagaios e periquitos.
No aguardadíssimo "Sábado de Aleluia", compensa-se todas essas privações ditadas pela santa igreja católica.
"Domingo de Páscoa! Feliz Páscoa!"
(...)
"Feliz Páscoa"? Como assim? Por que essa frase está prestes a entrar na lista de "boas maneiras" que nós aprendemos quando crianças, como "Por favor? Obrigado! Com licença?"? Será que já entrou, como o "Feliz Natal"?
(...)
Ah, seria um tremendo erro não comentar, em pleno "Domingo de Páscoa", da alegria da criançada, o "Ovo de Páscoa". Ah, que maravilha! Ao fundo, a musiquinha símbolo de vendas (que não menciona sequer o nome de Jesus Cristo): "Coelhinho da páscoa que trazes pra mim: um ovo, dois ovos, três ovos assim..."
O filão de mercado em Abril, creio eu, não supera o mês de Dezembro, mas chega perto com toda a publicidade sobre o coitado que morreu por nós e voltou à vida. Será que os homens se aproveitam do sobrenatural da data para faturarem?
"Compre, ainda não comprou o seu ovo de páscoa? Meu Deus, que horror, o Ovo de Páscoa! Esqueci! Me perdoe, filho, por favor, não chore pro papai! Eu vou agora mesmo comprar!".
Será que as pessoas compram montanhas desses ovos para suprirem a total indiferença perante a data? Seria errado afirmar que as pessoas falam "Feliz Páscoa" apenas por ser a febre dessa época do ano ou por quê, realmente, entendem e respeitam a data, tendo em mente o que ela significa?
Ah, mas poucos mesmo são os que esquecem de comemorar, nas igrejas, a ressureição de Jesus Cristo. Igrejas lotadas, lindo de ver, principalmente de jovens! Que alegria! Todos rezando e orando pelo salvador. Nada desse estresse de compra de presentes e almoços fartos. Ele voltou! Aleluia!
Enfim,
FELIZ PÁSCOA! (Já que não importa esse tal de sentimento e amor pela data)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Gravidez e Aborto

O dom natural de gerar um ser humano que a mulher possui é fantástico e complexo. A lei natural da vida - nascer, crescer, reproduzir e morrer - dita a unidirecionalidade ininterrupta da vida, semelhante a um "dogma". No entanto, as coisas mudaram muito. Sim, é tudo muito mais complexo. Existem npossibilidades, n situações, ainda mais com o avanço científico da medicina; até ações contraceptivas foram criadas.
É fato que muitos brasileiros desconhecem os meios de se evitar a gravidez. A sociedade entendida rotula somente os ignorantes e analfabetos como "procriadores desenfreados". Ora, mas não é essa a lei natural da vida? Algo está indo contra o dogma biológico, e é essa a questão.
O capitalismo sem limites e a incessante busca de uma vida melhor fazem o ser humano deixar de lado essa "baboseira" biológica. Todos querem, na verdade, um belo "filho" na conta bancária, de três a quatro... dígitos. Isso influencia e muito quando o assunto é Aborto. Quanta polêmica...
É verdade que esta palavra nos remete à cenas fortes de "cirurgiões" usando-se de instrumentos pesados e afiados no formato de colher penetrando uma grávida ensanguentada e despedaçando o pequeninho ser indefeso. Sim, barbaridades assim aconteceram e em casos isolados - e bem isolados - acontecem. Hoje, a maioria dos abortivos atacam somente o embrião, não causando dor à mulher. Fica uma pergunta então: Por que se fazia isso? Por que não deixar a criança nascer, já que a lei biológica é sempre unidirecional e ininterrupta?
Como já disse, os tempos mudaram. Gerar uma criança pode até ser barato, mas cuidar não. Arrisco dizer que nem se o regime fosse ainda socialista sairia barato... Cuidar de um filho custa caro. Surgem clínicas - clasdestinas - de aborto. É uma tendência para a economia. Muitas mulheres frequentam. Até as ginecologistas atuais prescrevem abortivos mediante grávidas chorosas com n argumentos favoráveis ao não-nascimento do filho. Faculdade, emprego, blá-blá-blá...
Então, por que o Governo insiste em proibir atos comuns, como o aborto hoje em dia?

terça-feira, 7 de abril de 2009

Algo sobre a cultura. "Quê!? TV Cultura? O que tem aquela porcaria!?"

A população brasileira atônita em frente à TV. Ora, final de "novela das oito" ou "show da virada" é tudo que brasileiro gosta. Somos felizes assim. Para nós, a REDE GLOBO sempre é líder de audiência por apresentar programações, há anos constantes, mas que sempre nos surpreende. Nem parece que somos o país da corrupção ou do analfabetismo. Mas parece que somos o país do futebol e do carnaval. Estranho, não?
10:00h.Terça-feira. Todos ligados na Globo. É o dia sagrado do "Paredão do BBB". "Ora, esse Bial fica enrolando a gente!". A decisão. O grito de uns; o choro de outros. "Não, ela saiu! Tsc, caramba...". O jornalista Pedro Bial, referência a todos os estudantes de jornalismo, disse quem saiu da casa. "Pega! Essa desgraçada saiu! Era muito falsa!". Depois, para relaxar, damos "aquela espiadinha" porque somos filho de Deus, ora.
O Big Brother Brasil, que encerrou hoje a sua 9ª edição (NONA, ah, e daí?), realmente, é a fábrica de dinheiro da TV Globo. É a "menina dos olhos" de toda peça publicitária. Tudo é milimetricamente pensado para dita. Os humanos que conseguem entrar na "casa mais famosa do Brasil" viram meros peões (coitados?) movidos pelo capital da empresa que "der mais" para ver a sua marca estampada nas fantasias dos participantes, ou até mesmo, o que ficou evidente na dita "prova do líder" da reta final da nona edição: Usou-se uma super cola, colaram os finalistas de cabeça para baixo e, numa espécie de tirolesa, jogaram-os de lá para comprovar a eficácia do produto. Uau, presenciamos um laboratório de testes ao vivo e a cores. "Que aflição aquela prova, vistes?". Imaginem as cifras só daquela prova. Será que foi mais que o extraordinário valor pago pelo programa ao vencedor, um milhão de reais? Ou foi mais que isso?(Possível?)
Ah, gostamos de ver as "pessoas escolhidas ao acaso, sem nenhum critério racial, sexual e financeiro", como são as que entram no BBB (ou não?). Adoramos a periodicidade do programa. Sabemos de cor o dia que toca o "temido" Big Fone. Ah, e também decoramos o site para votação gratuita ou, para os mais burgueses (ou para os miseráveis que se endividam para o bem do programa e da sua própria consciência por ter a indiscutível certeza de estar eliminando da casa uma pessoa "que merece", porque sabem que quem manda no programa são eles, não havendo nenhuma interferência do diretor) que já gravaram o número para votar.
Ah, o pay-per-view... Que qualidade! "Não é essas porcarias de Discovery Channel". Muito mais interessante assistir ao dia-a-dia de seres humanos que, por exemplo, ouvir uma notícia na CNN ou, pior ainda, ler um livro. "Credo!". Usam-se do argumento-dúvida "O que eles vão fazer dentro dessa casa rodeada de câmeras por todos os lados?". Como se a qualquer momento, tendo a assinatura da transmissão 24h, saisse uma descoberta científica a cada meia hora. "Ah, mas pode sim..."- dizem alguns.
E o que falar das discussões que tanto mexem com nossas emoções. Quanto mais tensão dentro da casa, melhor. "Aí que eu faço questão de ver!". Nosso lado sádico é muito bem aproveitado pela cabeça pensante que produz o BBB: a produção.
Enfim, BBBmaníacos, não se sintam retraídos por defenderem as suas posições em assistirem ao Big Brother; afinal você é que tem o controle remoto (ou o dedo indicador, aos menos favorecidos) para mudar de canal a hora que quiser.
"Ah, mas pra que mudar de canal se a Globo é a melhor emissora brasileira? Parece doido, eu hein!"

sábado, 4 de abril de 2009

"Seu pedófilo!"

A pedofilia tão em voga nos noticiários brasileiros, mais recentemente com a instauração da CPI da Pedofilia pelo Deputado Magno Malta, agrava uma tendência do mundo moderno em relação às vítimas diretas desse nefasto crime: a coisificação das crianças.
Com toda a massificação desse tipo de crime, uma situação desconfortante é gerada no meio social. Os pais, com medo de, a qualquer momento, um estranho levar as suas proles, superprotegem as mesmas - com razão e amparo da mídia -, criando uma barreira exagerada e cruel com um ser humano ainda em formação. O cidadão, agora, trata a criança como adulto, não reparando na existência da mesma, não mais com tratamentos antes normais (brincadeiras, contar histórias engraçadas - até mesmo a profissão de palhaço entra em xeque -, o lúdico da infância) e sim ásperos, com base no medo de uma acusação precipitada e feroz de "tendências pedófilas", manchando a sua reputação de maneira cruel e irreversível.
As consequências judiciais para os que comentem tal crime covarde e repugnante são pesadas, além do risco de linchamentos populares, por gerar uma comoção popular exorbitante. Portanto, uma crescente estigmatização de qualquer pessoa que se aproxime de uma criança seja um pedófilo se confirma. 
Acredito que se isso se mantiver e se agravar, a paranóia dos pais em enjaularem seus filhos aumentará, de modo a exterminar de vez as tão conhecidas brincadeiras de rua, onde várias crianças se divertem e, de suma importância, interagem com as outras, auxiliando em sua formação. Caso isso se agrave, o extremo seria não mais sequer olhar e começar a temer qualquer criança. 

Código de Hamurabi - O Retorno (?)

Ontem, na Universidade Federal do Pará (UFPa), durante o "Forró de Geografia", um princípio de linchamento foi iniciado contra um rapaz que, supostamente, assaltara no decurso do evento. O "chocante" se deu com a participação de universitários na confusão. O "meliante" só não foi morto pela aparição milagrosa de estudantes recém-saídos de suas aulas, os quais fizeram um cordão de isolamento em seu entorno. É bem verdade que esse hábito se faz presente nas periferias belenenses, até mesmo nos arredores da universidade; mas até dentro de seus "muros" inteligíveis eles conseguem se alastrar? Num antro de conhecimento e bom-senso? A falta de segurança gritante no interior da maior universidade do norte do país é um agravante para que casos assim ocorram. É de conhecimento público que, no decorrer desses eventos culturais, além de drogas e entorpecentes, os crimes como assaltos e estupros também se fazem presentes. Também pudera, com uma localização beira-rio como o caso da UFPa, qualquer um pode fazer uma visitinha para ajudar a formar tais eventos e, de tabela, as estatísticas. A grande massa de estudantes revoltosos que quis o linchamento foi, sem dúvida, movida pelo mesmíssimo sentimento de descaso que leva também grande parte da população carente a fazê-lo: o descaso e a descrença de uma justiça que os represente de fato. Desconstrói-se, com isso, a belíssima utopia de "Terra de direitos", "Justiça para todos(as)" e "Direitos humanos". As pessoas carentes usam a justiça "real e pé-no-chão" que lhes é comum: a do olho-por-olho, dente-por-dente, onde é possível, ao mesmo tempo, expurgar o ódio de tanto esquecimento público e, de maneira cruel, resolver a situação, pelo menos a priori. Não foi diferente na universidade. Mesmo com o agravante de serem universitários (de onde se espera o comportamento racional) não foi suficiente para conter o clima de insatisfação e insegurança crescente nos estudantes, que vinha sendo acumulado, gerado pelas autoridades responsáveis pela instituição.  Arrisco dizer que a emoção, nesse caso, complementou-se à razão a favor de uma resolução óbvia, mas que os "grandões" não enxergam.

-Informações da comunidade Comunicação Social UFPA 2009 (Adriano Fernandes) - Tópico "Hard News"