segunda-feira, 2 de março de 2009

Uma redação em arquivo.

A Escola Alberto Fantasia nunca mais foi a mesma após o extraordinário acontecimento. Todos ficaram assustados e atordoados, também pudera, com esse tipo de coisa acontecer em uma escola do interior de uma cidade pacata e tranqüila.
Ângela Pêra foi a primeira a ver. Seu sentimento foi de profundo choque, pois o que seria um dia rotineiro de aula se tornou uma confusão de repórteres e cinegrafistas. Carros e mais carros de jornais, transmissões ao vivo para todo o país e ela, Ângela Pêra era uma garota reservada e pensava que nunca iria acontecer nada de fantástico e inusitado com ela. Mas aconteceu. Ela se tornou o alvo de inúmeros repórteres afoitos por informações. Todos queriam informações.

- Como ele era? – perguntou um jornalista.
- Ele falou com você, Ângela? - perguntou um repórter.
- Ângela, o que realmente aconteceu lá nas árvores? - indagou um policial.

Ângela, sem saber por onde começar, tentou uma resposta que agradasse a todos.

- Ele disse que irá retornar e fazer mais vítimas. Minha amiga não merecia isso e estou realmente triste com tudo o que está acontecendo.
Os repórteres não se deram por satisfeitos e pediram mais detalhes sobre o homem que matou a amiga de Ângela, afinal de contas, Ângela e Vanessa eram inseparáveis, segundo os amigos e professores da Alberto Fantasia. Ângela disse:
- Foi tudo muito rápido. Eu e Vanessa estávamos conversando e comendo bombons quando ela simplesmente caiu no chão gritando. Pensei que fossem os doces, mas havia um homem pequeno e de capa vermelha atrás dela. Eu me assustei com o que ele disse e saí correndo de volta à escola. Vanessa não merecia isso. Parem de me pressionar! – disse Ângela tremendo.
Os repórteres deram uma trégua para a pequena Ângela Pêra e seguiram entrevistando outras pessoas e amigos dela e da vítima. Nunca uma escolinha do interior tinha acumulado tanto repórter e carros de polícia. Todos os jornais com a mesma manchete: “MORTE NO ALBERTO FANTASIA. ASSASSINO FORAGIDO”. Provavelmente, mortes inexplicáveis e assassinos misteriosos atraiam a atenção das pessoas e jornalistas. O tempo passou, mas não apagou o triste ocorrido.
Ângela Pêra calculara muito bem sua ascensão na carreira televisiva, fruto de uma armação brilhante nos tempos da escola, da qual nunca ninguém desconfiou. Ela sempre foi bastante determinada e inteligente a ponto de matar uma garota envenenada e inventar uma história mirabolante de um suposto homem de capa vermelha. Agora, vive feliz e tranqüila em sua mansão milionária e todos os dias ouve seu nome na mídia revelando uma postura a favor dos mais carentes e necessitados.

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