sábado, 29 de maio de 2010

O cheiro do queijo vermelho - Parte 2

"Silmara, aos 35 anos, não pretendia ter filhos.
Sua mãe trabalhava como enfermeira em um hospital particular da capital. O pai falecera quando Silmara estava para nascer. O resto da família (primos, tios, irmãos) aos poucos foi perdendo o contato quando Anamara teve sua cria. Agora era só mãe e filha.
-Imunda! Não se esfrega em mim sua cachorra pirenta!, dizia a mãe para uma filha carente de abraço, que ainda nem sequer entendia o que aquilo significava. Anamara gozava ao insultar aquela coisa que saíra de seu próprio ventre.
Certa vez, num dos contínuos acessos de raiva de Anamara para filha, algo saiu errado ou muito trágico para ser uma simples berração.
Quando o carro do IML chegou, o corpo estirado de Anamara continuava na cozinha onde foi perfurado nove vezes por uma criatura que invadiu o quarto da filha e atacou a mãe na cozinha.
Silmara não soube dizer aos peritos porque estava ensangüentada ou porque sua mão esquerda estava tesa apertando o cabo de uma chave de fenda sangrante."

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